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quinta-feira, 26 de março de 2009

sabe por que as rosas tem espinhos?


Ela era bela, não com traços dionisíacos, mas suaves e simples, quase rústicos, seus cabelos ondulados refletiam um brilho dourado. Ela sorria, e como era magnífico e terrivelmente arrebatador aquele sorriso, daqueles que os poetas buscam sem sucesso descrever. Andréa, esse era o seu nome.
Lia algo, sentada no gramado perto das rosas, era como se toda a natureza tivesse nascido a partir dela, ao seu redor, como se as flores só completassem sua beleza, os pássaros só entoassem um belo canto, ao seu lado. Tudo fez sentido naquele instante, não que houvesse achado as respostas, mas sim um sentido para elas. Ninguém é completo sem um amor.
Ainda não tinha me visto, também nem sei se me reconheceria, era segunda vez que a via, andava em sua direção com a determinação de um amante. Parei. O que faria ali? Eu seria como um borrão numa pintura belíssima. Continue a contemplá-la, ansiava que a euforia daquela visão diminuísse, que meu coração se acalmasse, que a minha mente a rejeitasse, mas era inútil. Tudo aumentava.
Sussurrava seu nome, como se apenas de pronunciá-lo a traria pra mim, ilusão tão real e curta quanto a pronuncia. Somos assim, nos homens, quando encontramos um amor, reunimos todas as forças que nos restam para fugirmos, preferimos umas paixões controláveis, que sermos vulneráveis ao amor.
Contudo olhando-a nada disso fazia sentido, minha vida não fazia sentido, como pude estar tanto tempo sem ela, sem olhá-la. Este exagero dos românticos, estas hipérboles amorosas, não há como negá-las.
Estava tão perdido em minhas lutas que nem a vi se aproximando, fitei seus belos olhos negros, estava pronto para declarar-me, ela vinha em minha direção.
Estava com uma rosa na mão, passou por mim, não me reconheceu, e eu me calei, apenas a olhava partindo.
A rosa, de tudo não me esquecerei da flor que estava perto de seus lábios, e na hora me veio à pergunta: “Sabe porquê as rosas tem espinhos?”.
Porque tudo que é muito belo, ou muito maravilhoso tem o poder de machucar.

poeta anônimo que eu conheço e não quer aparecer (rs)

terça-feira, 24 de março de 2009

Carta Imaginária

Meu caro amigo,
Tenho novas. Hoje eu morri. Estava atravessando a José Malcher com a Alcindo Cacela naquele ir e vir de carros, quando de repente surgiu uma S-10 prata e me atingiu em cheio. Bem que eu disse que alguém ainda ia morrer ali.
Foi engraçado.
Eu estava ali estirada ao chão e um monte de gente veio pra cima de mim. Como se já não tivesse bastado o carro. Pensei que de repente alguém daqueles tantos que se aproximaram fosse médico. Mas não. Estavam ali só por curiosidade ou ociosidade mesmo.
Olhava aquelas pessoas estarrecidas com o meu corpo estirado ao chão. Eu mantinha os olhos abertos. Acho que até ainda estava viva naquela hora.
De repente um rapaz de uns vinte e cinco anos pegou o celular e ligou, imaginava eu, para um hospital próximo. Na verdade ele estava ligando para um amigo explicando que chegaria atrasado.
Uma mulher de meia idade tirou o celular da minha bolsa e ligou para uma ambulância, enfim. Mas eu já tava morta mesmo. Não adiantaria nada. Continuei e continuaram ali.

Lembra daquela camisa rosa shock que você me deu e eu brinquei dizendo que só usaria essa camisa depois de morta? Eu estava com ela. Engraçado, né!?
Mas, sim, quando a ambulância chegou eu já tava começando a feder. Brincadeira. Você sabe que eu sempre fui cheirosinha e, aliás, a ambulância nem demorou tanto assim.Tentaram me reanimar, mas não conseguiram. Eu estava já agoniada de ver aqueles paramédicos me dando choques e eu saltando. Parecia um sapo. Que imagem feia.
Os curiosos de plantão ficaram tristes quando um senhor de cabelo branco anunciou a minha morte.Um rapaz muito bonito disse "que pena, tão jovem, tão bonita". Uma pena mesmo, não vou mais poder ficar com ele (rs).
Agora eu tô aqui no Renato Chaves e a minha mãe já está aqui. Diga a ela que não fique triste, eu estou bem. A morte é como uma estrada que ao fim tem uma curva.Para aqueles que não fizeram a curva lhes parece o fim, mas não é um bicho de sete-cabeças. Pelo contrário. É bom. Não sinto dor, me sinto leve.
Só o que me preocupa são as coisas inacabadas que eu deixei pra trás.

Você, por exemplo.
Sei que não lerás esta carta imaginária e que chorarás a minha partida, mas de uma forma ou de outra, sinto que só de pensar nessa carta do além eu estou de uma certa forma mais perto de você. Me desculpe pelo que fiz e pelo que deixei de fazer.

Com açúcar e com afeto,
sua eterna amiga.

Uma surpresa para Clara

Clara mal podia acreditar nos seus ouvidos. Ou no seu ouvido esquerdo, pois era neste que chegava a voz de Paul, através do fone.
-Clara, tu tá aí? Sou eu, Paul.
Quando finalmente conseguiu se refazer da surpresa, a meio alta e vivaz Clara esforçou-se para controlar a voz.
-Tu quer dizer o sujo, tratante, traidor, nojento, desprovido de qualquer decência ou caráter, estúpido e desprezível Paul?
-Esse mesmo. É bom saber que você ainda me ama.
-Seu, seu...
-Tenta porco.
-Porco!
-Por isso que eu gosto de ti, Clara! Você sempre faz o que eu mando. Agora te acalma.
-Porco imundo!
-Tá bom, agora te acalma. Me pergunta por que é que eu estou telefonando pra ti depois de tanto tempo.
-Não me interessa...
-Eu preciso de ti, Clara.
-Paul...
-Preciso mesmo. Eu sei que fui um burro, mas não sou orgulhoso. Me desculpa.
-Oh! Paul. Não brinque comigo...
-Você se lembra daquela semana na Praia?
-Se me lembro.
-Dos jasmins no pátio do hotel? Do queijinho com vinho tinto abrindo o jantar?
-Paul, eu estou começando a chorar.
-E daquela vez em que fomos nadar nus, ao luar, e veio uma mulher muito séria pedir nossos documentos e depois os três começamos a rir e a mulher acabou tirando a roupa tambèm?
-Não. Isso eu não me lembro.
-Bom, deve ter sido em outra ocasião. E as nossas conversas no fim de tarde?
-As conversas. As mesmas músicas que tocavam sempre mas pareciam diferentes.
-E a festa de aniversário que entramos por engano e eu acabei ficando amigo de todo mundo?
-Ah, Paul...
-Lembra a torta da dona Nana?
-Posso sentir o gosto agora.
-Qual era mesmo o ingrediente secreto que ela usava e só nos revelou depois que nós ameaçamos contar para o seu marido do caso dela com o garçom?
-Era... Deixa ver. Era manjericão.
-Tem certeza?
-Tenho. Ah, Paul, Paul... Não consigo ficar braba contigo.
-Ótimo, Clara. Precisamos nos ver. Tchau.
-Tchau?! Tchau?! Você disse que precisava de mim, Paul.
-Precisava. Eu tô fazendo aquela torta pra uma amiga e não me lembrava do ingrediente secreto. Você me ajudou muito, Clara, e...
-Seu animal! Seu idiota, sem coração! Seu filho...
-Clara, eu tô brincando, sua besta!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Estradas


Peguei meu carro e saí estrada afora.
A estrada, no começo, era linda: nada de buracos; sem sinalizadores que pudessem controlar a minha velocidade, qualquer acidente não seria tão grave, porque havia uma grama fofa e hospitais que sempre estavam próximos.
Felizmente, nada de grave me aconteceu e eu pude seguir viagem.
Ao levar a viagem a cabo percebi que a estrada já não era tão simples e reta, e eu já tinha que fazer escolhas. Aprendi que o caminho mais fácil, as vezes, é o melhor.
Dei carona para algumas pessoas durante a viagem. Algumas delas me ensinaram algo, outras nem tanto. Mas, de algum modo, todos eles mudaram a minha rota de alguma forma.
Pessoalmente falando, entrei em uma estrada qur, no início, era florida e lisa, mas com o tempo mostrou-se tão esburacadaa ponto de desalinhar meu carro.
Nada que um bom mecânico não resolva (rs).
Resolvi sair da estrada ruim e entrei na mata sem qualquer assistência. Desci do carro e tive eu mesma que abrir o caminho em meio as plantas, não tão fortes quanto a minha vontade de encontrar o caminho.
Me deparei com uma bela estradinha que no início eu mal podia trafegar, mas que, depois, cedeu espaço e só assim pude ver a linda estrada que estava por vir.
Desafortunadamente, me conscientizei que a bela estradinha nada mais era que uma passagem entre a mata fechada e as estradas que desconheço, ainda.
Ligo o som e desço do carro, me deito no capô e passo a olhar as estrelas, nem sei quanto tempo fiquei ali. Algumaslágrimas caíram pelo meu rosto, lágrimas boas, é bom redescobrir-se.

Da Janela Lateral


Era fim de tarde e eu estava encostada na janela acompanhando a movimentação.
Vi uma criança brincar com outra. Ambas estavam muito bem vestidas, as mães deviam tê-las arrumado para mostrar aos outros, mas pra mim a beleza mesmo estava ali, ao vê-las brincar e sorrir despropositalmente, inocentemente.Nem todos admiram a verdadeira beleza.
As mães, presumo eu, eram as mesmas que estavam sentadas em um banco próximo, conversando e rindo muito.Uma estava de calça jeans e uma blusa amarela decotada, a outra de vestido longo azul.Independente das diferenças de trajes, as duas conversavam animadas e interessantemente, a moça até então discreta de longo vestido azul gesticulava enquanto falava e ria alto, de vez em quando até soltava um palavrão.
Da minha janelinha, podia ouvir tudo, tudo que ela falava para que todos ouvissem.
A moça de calça jeans conversava e ria pondo a mão na boca, para que ninguem lhe visse o sorriso.Uma roupa que deixava muitas partes a vista e o contraste de não permitir que vissem seu sorriso.
Quando conversavam calmamente, a moça de amarelo baixava a cabeça e parecia olhar fixamente para a grama daquela pracinha.
A moça de vestido azul se levantou e se direcionou ao carrinho de pipoca.O pipoqueiro, seu Bastos, já era velho conhecido da vizinhança.
Ficou viúvo há três anos atrás, exatamente quando começoua vender pipoca, até então feita e vendida pela mulher, dona Regina. Os dois filhos de seu Bastos estavam na capital estudando e trabalhando. O pobre seu Bastos vendia pipocas para manter a si próprio, parecia estar bem. Seu Bastos antes não vendia pipocas porque, na verdade, muitos dos clientes de Dona Regina, que também era doceira, são amigos de Seu Bastos, que, independente da vida sofrida que teve, sempre manteveum sorriso no rosto, tem muitos amigos, é feliz. Aparenta.

Ode à ti


Eu aqui e você aí, a modernidade nos aproximou mas agora já nos afasta.
Desde o começo disso tudo, você me abriu portas e janelas.
Via por dentre elas uma luz, algo que poderia ser lindo.
A verdade é que talvez não haja nada mais.
Luz vinda de um farol alto vindo na contra-mão
Disposta a me cegar por alguns longos segundos
Obstinado ao acidente esse nosso incidente.
Destino?
Acaso?

Sabes que eu penso em muitas coisas
Imagino mais ainda
Ledo engano do sonhador pensar sonhando
Viver de ilusões, mas agora eu vivo é rindo
Agora as bochechas vivem avermelhadas

Jurei, muitas vezes, que não aconteceria de novo,
Apesar de saber que se tratavam de falsas juras,
Incrivel como não aconteceu de novo,
Mas tratou-se de algo totalmente novo,
Especial.

Jurava que se passaria muito tempo
Um rio que deságua na cachoeira
Nossa, mas que besteira
Imagine que isso é mais leve
O que eu levo em mim é simples
Rio de correnteza leve. Pode nadar. Ria.

Os Belos Adormecidos do Castelo

Era uma vez um povo que 'vivia' dormindo.
Tudo começou quando uma bruxa má chamada Falta de Vergonha na Cara lançou-lhes o pó da Inércia e assim permaneceram até que se quebrasse o encanto, o que só aconteceria caso um principe, também encantado, lhe beijasse.Viviam em um castelo avaliado em 25 milhões de dólares em Minas Gerais. O Castelo pertencia a um dos adormecidos,antes Deputado.
Com o passar do tempo, alguns dos adormecidos se transformaram em zumbis que seguiam as ordens da Bruxa. Outros se transformaram em fantasmas que assustavam a Falta de Vergonha na Cara de vez em quando, mas nada podiam fazer, posto que eram fantasmas. O restante continuava adormecido mesmo.
A Bruxa tinha um espelho, obviamente mágico, que lhe respondia tudo.
-Espelho, espelho meu, existe povo mais adormecido que o meu?O Espelho respondeu que não.
-Espelho, espelho meu, existe bruxa mais traiçoeira que eu?O Espelho respondeu, novamente, que não.
-Espelho, espelho meu, dormirá eternamente o meu povo?
E o Espelho respondeu:
-Não!
"Como não?", gritou a Bruxa.
Mas o espelho só respondia, não discutia. Na verdade nem a Bruxa poderia discutir.
Um cavaleiro, nesse momento, passeava pela floresta aos arredores do belo castelo. Pensava nas conquistas alcançadas em outros Reinos, em quantas pessoas havia influenciado. Não era muito modesto o tal principe. Ao avistar o Castelo e constatar que um povo adormecido estava ali, o Principe viu uma nova oportunidade de vanglória.
Os fantasmas que nada faziam a não ser assustar se animaram com a possibilidade de despertarem com a ajuda do Principe,mas, infelizmente (ou não), o principe nada pode fazer, afinal, o que faria um único principe para salvar a todo um povo?
Os zumbis passavam por entre o principe e ate o convidaram para participar da festa dos zumbis.
"Vamo lá, seu principe, tá rolando o maior bacanal la no Congresso!"O principe é claro, foi.
De longe, um pobre menino de uma vila próxima que, de tão rústica e recente, nem nome tinha avistava o castelo pomposo.
-Um castelo tão bonito desse...-suspirava- Um dia eu ainda vou ver isso aí melhor!

Cotidiano Feliz


-Acorda, pai! - sussurrava a pequena Carolina.
- Já é cinco!
-Cinco do quê, menina? - perguntava o pai ainda de olhos fechados.
-Da manhã, pai! A gente vai pra Salinas hoje, lembra? - a menina de 04 anos sacudia o pai.
Ele se levantou e a pequena Carol foi embora correndo animada.
A cortina ainda estava fechada e o quarto estaria totalmente escuro se não fosse a luz do corredor que vinha da direção da porta, aberta.
-Jackie, Jackie! - tentava acordar a esposa, sem sucesso - Jacqueline!
-Ooi? - disse ela, revirando-se.
-A Carol veio acordar a gente, acredita?
-É aquele sonho bobo de novo? Eu já conv...
-Não, a gente ficou de viajar hoje, lembra? - disse ele, deitando-se.
-Meu Deus, verdade! A semana passou muito rápido! A gente nem foi no supermerca..
-E a gente ainda vai pra Salinas mesmo? - disse o marido já fechando os olhose virando pro outro lado.
Eis que de repente um menino de seis anos, com uma sunga azul, chega ao quarto.
-Mãe, eu uso essa azul ou a preta? A Carol disse que eu tô feio nessa sunga!
-Não, filho 'cê tá lindão! - disse ela a sorrir.
-Mas e a senhora vai com esse biquini preto e vermelho mesmo?
O casal riu junto e pediu que o filho saísse do quarto e terminasse de se vestir para a praia.
-Eu pensei que tinha tirado esse sutiã ontem antes de dormir, mocinha! - disse ele com um sorriso sarcástico.
-Tirou, mas na idade que eu tô já não posso me arriscar a dormir sem sutiã. A gravidade age e tudo cai, meu amor!
-Não, nem tudo...
Ele ja ia beijá-la novamente, mas ela o afastou.
-Agora é hora de ir pra praia, mocinho!
Ela pôs a mão no rosto dele e o olhou ternorosamente.
-Eu te amo, sabia?
-Eu também te amo!
Os dois se entreolharam por alguns segundos, até que Ian, pelado, surgiu na porta com uma sunguinha branca em mãos.
-Mãiê, eu não sei vestir!
Jacqueline suspirou, pegou o filho no colo, virou-se para o marido e disse:
-Eu vou arrumar as coisas com eles e você arruma as nossas! Põe aquele meu biquini de crochê branco pra mim...
O marido fez um sinal de positivo enquanto levantava da cama e ela seguiu rumo ao quarto dos garotos.
A familia adorava fazer algum programa em conjunto no sábado, algumas vezes até esticavam pro domingo. Assim restava tempo pra que os dois chegassem a tempo de assistir o futebol no domingo, fosse ao vivo ou pela tv.
-André, que mala grande é essa? - perguntou Jackie já chegando ao quarto.
-Mãe, é a minha bola, 'meu' patins, minha prancha, meu video-game, uns cd's...
-Mas é só um dia, André! E deixa que eu tiro esse video-game porque tu ainda pode deixar quebrar...
Jacqueline tirou Ian do colo e levou o PS7 até a estante.
-E se a gente dormir pra lá? O que é que eu vou fazer?
-Muita coisa, ora! Vai estar todo mundo lá!
-Mas mãe, o Ian não sabe brincar de nada! Se eu bater nele, ele chora! E a Carol é chata, quer mandar em tudo...
-Eu brinco com você, tá, meu amor? Mas arruma isso direitinho como a mamãe te ensinou!
O menino concordou com um quase sussurado "tá, mãe!" e ela seguiu caminho até o quarto do pequeno Ian. Já estava terminando a malinha de Ian quando ouviu o grito da filha de quatro anos.
-O que foi, Carol? - chegou correndo a mãe.
Viu o pai com uma aranha de plastico nas mãos e uma cara de assustado.
-Dando susto em criança de quatro anos? Tá doido? - gritava ela.
-Calma, amor! Foi só uma brincadeira, só pra descontrair!
-Tu acha tudo engraçado, né? A menina se assustou, não tá ven..
De repente a própria Jacqueline gritou.
-Olha, mãe! Não é de verdade, ó! - dizia Carol enquanto ria do susto que havia dado na mãe.
O marido começou a rir e ela o fitou sério. Ele deu um sorriso e lhe apertou o nariz. Ela não pode se conter e riu dando as costas, enquanto dizia "Tu não existe mesmo!".
Já eram 6 da manhã quando a família se encontrou na sala.
A mulher fizera a mala de Ian e ajudara André, enquanto o pai assistenciava a menina Carol.
-Bora, pessoal! - gritou o pai.
-Pai, a gente come agora ou depois?
Quase que ao mesmo tempo, pai e mãe responderam "Agora","Depois".
-Comer no carro dá mal-estar! A viagem é longa e eles podem enjoar! - disse ela.
-Justamente porque a viagem é longa que a gente pode parar no caminho e comer alguma coisa! Até você fazer aqui e eles comerem já vai ser 8 horas! - retrucou ele.
-Tá, mas eu vou fazer uns pãezinhos com patê enquanto a gente não parar pra comer!
-Até você fazer já vai ser 7 horas! Eu peguei uns biscoitos, bolacha e botei uns sucos no isopor. Mas agora, vamo?
Eis que eles partiram rumo á praia.