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quinta-feira, 5 de março de 2009

Cotidiano Feliz


-Acorda, pai! - sussurrava a pequena Carolina.
- Já é cinco!
-Cinco do quê, menina? - perguntava o pai ainda de olhos fechados.
-Da manhã, pai! A gente vai pra Salinas hoje, lembra? - a menina de 04 anos sacudia o pai.
Ele se levantou e a pequena Carol foi embora correndo animada.
A cortina ainda estava fechada e o quarto estaria totalmente escuro se não fosse a luz do corredor que vinha da direção da porta, aberta.
-Jackie, Jackie! - tentava acordar a esposa, sem sucesso - Jacqueline!
-Ooi? - disse ela, revirando-se.
-A Carol veio acordar a gente, acredita?
-É aquele sonho bobo de novo? Eu já conv...
-Não, a gente ficou de viajar hoje, lembra? - disse ele, deitando-se.
-Meu Deus, verdade! A semana passou muito rápido! A gente nem foi no supermerca..
-E a gente ainda vai pra Salinas mesmo? - disse o marido já fechando os olhose virando pro outro lado.
Eis que de repente um menino de seis anos, com uma sunga azul, chega ao quarto.
-Mãe, eu uso essa azul ou a preta? A Carol disse que eu tô feio nessa sunga!
-Não, filho 'cê tá lindão! - disse ela a sorrir.
-Mas e a senhora vai com esse biquini preto e vermelho mesmo?
O casal riu junto e pediu que o filho saísse do quarto e terminasse de se vestir para a praia.
-Eu pensei que tinha tirado esse sutiã ontem antes de dormir, mocinha! - disse ele com um sorriso sarcástico.
-Tirou, mas na idade que eu tô já não posso me arriscar a dormir sem sutiã. A gravidade age e tudo cai, meu amor!
-Não, nem tudo...
Ele ja ia beijá-la novamente, mas ela o afastou.
-Agora é hora de ir pra praia, mocinho!
Ela pôs a mão no rosto dele e o olhou ternorosamente.
-Eu te amo, sabia?
-Eu também te amo!
Os dois se entreolharam por alguns segundos, até que Ian, pelado, surgiu na porta com uma sunguinha branca em mãos.
-Mãiê, eu não sei vestir!
Jacqueline suspirou, pegou o filho no colo, virou-se para o marido e disse:
-Eu vou arrumar as coisas com eles e você arruma as nossas! Põe aquele meu biquini de crochê branco pra mim...
O marido fez um sinal de positivo enquanto levantava da cama e ela seguiu rumo ao quarto dos garotos.
A familia adorava fazer algum programa em conjunto no sábado, algumas vezes até esticavam pro domingo. Assim restava tempo pra que os dois chegassem a tempo de assistir o futebol no domingo, fosse ao vivo ou pela tv.
-André, que mala grande é essa? - perguntou Jackie já chegando ao quarto.
-Mãe, é a minha bola, 'meu' patins, minha prancha, meu video-game, uns cd's...
-Mas é só um dia, André! E deixa que eu tiro esse video-game porque tu ainda pode deixar quebrar...
Jacqueline tirou Ian do colo e levou o PS7 até a estante.
-E se a gente dormir pra lá? O que é que eu vou fazer?
-Muita coisa, ora! Vai estar todo mundo lá!
-Mas mãe, o Ian não sabe brincar de nada! Se eu bater nele, ele chora! E a Carol é chata, quer mandar em tudo...
-Eu brinco com você, tá, meu amor? Mas arruma isso direitinho como a mamãe te ensinou!
O menino concordou com um quase sussurado "tá, mãe!" e ela seguiu caminho até o quarto do pequeno Ian. Já estava terminando a malinha de Ian quando ouviu o grito da filha de quatro anos.
-O que foi, Carol? - chegou correndo a mãe.
Viu o pai com uma aranha de plastico nas mãos e uma cara de assustado.
-Dando susto em criança de quatro anos? Tá doido? - gritava ela.
-Calma, amor! Foi só uma brincadeira, só pra descontrair!
-Tu acha tudo engraçado, né? A menina se assustou, não tá ven..
De repente a própria Jacqueline gritou.
-Olha, mãe! Não é de verdade, ó! - dizia Carol enquanto ria do susto que havia dado na mãe.
O marido começou a rir e ela o fitou sério. Ele deu um sorriso e lhe apertou o nariz. Ela não pode se conter e riu dando as costas, enquanto dizia "Tu não existe mesmo!".
Já eram 6 da manhã quando a família se encontrou na sala.
A mulher fizera a mala de Ian e ajudara André, enquanto o pai assistenciava a menina Carol.
-Bora, pessoal! - gritou o pai.
-Pai, a gente come agora ou depois?
Quase que ao mesmo tempo, pai e mãe responderam "Agora","Depois".
-Comer no carro dá mal-estar! A viagem é longa e eles podem enjoar! - disse ela.
-Justamente porque a viagem é longa que a gente pode parar no caminho e comer alguma coisa! Até você fazer aqui e eles comerem já vai ser 8 horas! - retrucou ele.
-Tá, mas eu vou fazer uns pãezinhos com patê enquanto a gente não parar pra comer!
-Até você fazer já vai ser 7 horas! Eu peguei uns biscoitos, bolacha e botei uns sucos no isopor. Mas agora, vamo?
Eis que eles partiram rumo á praia.

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