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quinta-feira, 5 de março de 2009

Da Janela Lateral


Era fim de tarde e eu estava encostada na janela acompanhando a movimentação.
Vi uma criança brincar com outra. Ambas estavam muito bem vestidas, as mães deviam tê-las arrumado para mostrar aos outros, mas pra mim a beleza mesmo estava ali, ao vê-las brincar e sorrir despropositalmente, inocentemente.Nem todos admiram a verdadeira beleza.
As mães, presumo eu, eram as mesmas que estavam sentadas em um banco próximo, conversando e rindo muito.Uma estava de calça jeans e uma blusa amarela decotada, a outra de vestido longo azul.Independente das diferenças de trajes, as duas conversavam animadas e interessantemente, a moça até então discreta de longo vestido azul gesticulava enquanto falava e ria alto, de vez em quando até soltava um palavrão.
Da minha janelinha, podia ouvir tudo, tudo que ela falava para que todos ouvissem.
A moça de calça jeans conversava e ria pondo a mão na boca, para que ninguem lhe visse o sorriso.Uma roupa que deixava muitas partes a vista e o contraste de não permitir que vissem seu sorriso.
Quando conversavam calmamente, a moça de amarelo baixava a cabeça e parecia olhar fixamente para a grama daquela pracinha.
A moça de vestido azul se levantou e se direcionou ao carrinho de pipoca.O pipoqueiro, seu Bastos, já era velho conhecido da vizinhança.
Ficou viúvo há três anos atrás, exatamente quando começoua vender pipoca, até então feita e vendida pela mulher, dona Regina. Os dois filhos de seu Bastos estavam na capital estudando e trabalhando. O pobre seu Bastos vendia pipocas para manter a si próprio, parecia estar bem. Seu Bastos antes não vendia pipocas porque, na verdade, muitos dos clientes de Dona Regina, que também era doceira, são amigos de Seu Bastos, que, independente da vida sofrida que teve, sempre manteveum sorriso no rosto, tem muitos amigos, é feliz. Aparenta.

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